*(http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0211/aberto/mt_274557.shtml)
A maioria das escolas brasileiras não está informatizada, e vai demorar até que todas tenham laboratórios com equipamentos conectados à internet. As tentativas de prover as instituições com recursos tecnológicos são muitas, mas as questões envolvendo licitações e liberação de recursos do Estado tendem a demorar para se concretizar. Alguns professores usam essa realidade para justificar o fato de não prever o uso da tecnologia no planejamento. Outros arregaçam as mangas, procuram conhecer as ferramentas disponíveis e as utilizam em favor do ensino e da aprendizagem.
Bárbara Dieu, uma das pioneiras no uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no Brasil e dona de cinco prêmios internacionais, como o Global SchoolNet de 2003, afirma: “Para aprender a utilizar os recursos, basta buscar informações, perguntar a quem sabe e insistir em aprender”. Nesta reportagem, você vai conhecer a história de cinco educadores que, sozinhos ou com a ajuda de amigos, encontraram soluções na própria rede mundial de computadores e fizeram uma revolução na vida dos jovens em lugares onde micros ainda são raridade.
As maneiras de resolver o problema da falta de recursos são bem criativas. Mônica Sepúlveda Fonseca, professora de História do CE Monsenhor Manuel Barbosa, em Salvador, conseguiu que suas turmas de 5ª e 6ª séries pesquisassem sobre a cultura baiana e publicassem os resultados em um site, mesmo com os oito computadores da escola sem acesso à rede (o modem aparelho que permite a conexão já foi solicitado à Secretaria de Educação do Estado). "A garotada topou freqüentar uma lan-house próxima à escola", conta Mônica, que dava orientações em classe e, no contraturno, monitorava os trabalhos online. "Os meninos aprenderam que pesquisa é mais que imprimir textos", conta, orgulhosa.
Já o professor de Ciências Ivan Tavares Scotelari de Souza, de São José do Rio Preto, a 440 quilômetros de São Paulo, conseguiu simular a navegação na internet em classe assim que a EE Celso Abade Mourão ganhou micros, em 1998. Ele se esforçou para aprender a usar as máquinas, pois tinha certeza de que a novidade seria importante em sala de aula: "Um dia, sem querer, cliquei com o botão direito do mouse em um site e descobri como gravar conteúdos offline. Salvei as páginas num disquete, que levei para a sala de aula, mostrando às crianças como surfar na rede mundial", relembra Scotelari. Hoje ele utiliza animações em flash, formulários de provas online e jogos virtuais, tudo de sua autoria.
Começo com e-mails
Diferentemente da experiência do professor paulista, a de Almerinda Borges Garibaldi envolveu formação. Ela fez um curso na organização não-governamental Partners of America e percebeu o potencial do mundo virtual. Mas no Centro Interescolar de Línguas de Taguatinga, cidade-satélite do Distrito Federal, onde leciona Inglês, existem três computadores para 4 200 alunos e a conexão de internet passa longos períodos fora de serviço.
Para iniciar um trabalho interativo, ela aprendeu a usar navegadores e e-mails. Encontrou os projetos didáticos no site Iearn.org. A proposta de trabalho é simples: basta escolher uma atividade, realizá-la em classe e enviar o resultado para a página, na qual educadores e estudantes de outros países podem fazer comentários, sempre em inglês. Os garotos começaram a compreender a dimensão do mundo, afirma Almerinda, que digita em casa a produção textual realizada em sala de aula e a publica na rede.
O entusiasmo dela envolveu colegas como Isabel Teixeira, que já utilizou o computador de uma aluna para participar do programa. Hoje ela forma grupos na sala de aula em que o coordenador, com micro em casa, se responsabiliza por digitar e publicar os escritos dos membros da equipe. Neste ano, a professora viajará ao Japão com dois estudantes a convite do Iearn.org. Eles vão elaborar, junto com jovens de outros países, um documento em inglês para os representantes do G8 - grupo que reúne os sete países mais industrializados e a Rússia - sobre a preocupação com os problemas ambientais e sugerindo soluções para eles.
Nas ondas da web
Nas escolas de Planaltina, também na periferia de Brasília, o aparelho de som e os alto-falantes eram usados pela garotada para ouvir música na hora do recreio. Até que um grupo de professores da região, com o apoio da rádio Utopia e da Universidade de Brasília (UnB), criou o programa Diversidade. No ano passado, seis unidades aderiram ao projeto, entre elas o CEF 04. Lá a professora de Arte Rejane Araújo de Oliveira envolveu 40 estudantes de 6ª a 8ª séries para produzir um programa de rádio ao vivo que era transmitido apenas por ondas de FM. Somente quem morasse num raio de 1 quilômetro da escola poderia ouvir a transmissão não fosse a parceria com o site Dissonante, criado por ex-alunos da UnB, que disponibiliza gratuitamente um servidor para a criação de rádios virtuais e ensina como usá-lo. "Para muitos jovens, o computador da rádio é o único com o qual têm contato", revela a professora. Os assuntos tratados no programa são os mesmos trabalhados em sala. "Como eles sabem que existem ouvintes, sentem-se motivados a pesquisar e produzir conteúdos de qualidade."
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Contatos
Bárbara Dieu, beeonline@gmail.com
CE Monsenhor Manoel Barbosa, Conj. Guilherme Marback, s/n°, Quadra 1, 41710-050, Salvador, BA, tel. (71) 3371-2012
CEF 04, Setor Educacional, Lote D, 73310-100, Planaltina, DF, tel. (61) 3901-4543
Centro interescolar de Línguas de Taguatinga, QSB 02/03, A/E 3/4, 72015-520, Taguatinga Sul, DF, tel. (61) 3901-6771
EE Celso Abade Mourão, R. Jesus Cristo, 1041, 15044-545, São José do Rio Preto, SP, tel. (17) 3236-3789
8 comentários:
A matéria foi muito interessante, pois mostra q é possível fazer diferente mesmo sem recursos.
Eu achei que os exemplos apresentados na matéria mostram as dificuldades de uma pessoa usar o computador
Eu gostei muito do texto, mais o estado da
escola estava muito precarea Esta e minha
opinião.
Esse texto é bem interessante.Mostra que a partir de qualquer iniciativa uma pessoa pode aprender a manusear as máquinas e que nada impede que elas aprendam superando as suas dificuldades!
Jayciara, acho que tem rasão. As pessoas precisão aprender mais!
Porque você acha isso Dayana?
Bem eu acho que neste texto existia algo nele que possui uma exceçao falando sobre a Internet ou sobre o computador.E na mia opinião o texto fala também das pessoas que não mexer no computador.
A matéria foi interessante, pois falava do interesses de professores em querer levar o mundo da computação para lugares livres como escolas publicas e periferias.
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